36 semanas, quinta feira, 20 de dezembro, às 9:10h ela
nasceu. Foi completamente inesperado, mas perfeito. Num dia de semana normal em
que eu iria trabalhar e comparecer a mais uma confraternização, antes que
pegasse direito no sono, 2:00h da manhã começam os primeiros sinais: perda de
liquido, dor de barriga (acho que foi de medo) e leve contrações. Eu realmente
não sabia ainda se ela iria nascer, afinal primeiro filho é tudo muito estranho,
mas ao passo que as contrações aumentavam de intensidade e freqüência corri pra
engomar as únicas peças de roupa lavadas e então arrumar a mala da maternidade.
Sim, arrumar o que devia estar pronto. Só a Marina estava pronta, nem a mãe
dela estava.
Em algumas horas havia uma criança, minha filha, a esperada
Marina, tão pequena, tão frágil aos meus olhos e tão dependente de mim. Na
minha cabeça passavam muitas sensações! A alegria e por que não dizer orgulho
do meu parto normal, da minha superação pessoal, o pensamento ainda em emails
do trabalho não respondidos, pendências, muitas pendências, os encontros
natalinos marcados, a possível viagem para a serra no fim de semana, aquela
noite de sono de despedida... hahahaha Quem disse que a vida é tão programável
assim?
Em casa,
completamente reestabelecida e disposta (viva o parto normal), no dia
seguinte chego com meu pacotinho nos braços. O pai passou uma semana chorando
sempre que olhava pra ela, lágrimas de gratidão e felicidade pelo sonho realizado,
pela graça alcançada, mesmo pra um cético como ele. Eu só conseguia enxergar
responsabilidades e medo, muito medo, de tudo o que pudesse acontecer a um ser
tão pequenino. E dependia de mim, única e exclusivamente – era o que pensava e
pesava. Cuidado pra não ter mosquito no cortinado, se não arrotou vai engasgar,
tá gemendo, botando a língua pra fora como se fosse vomitar, só dorme, não
dorme, não quer mamar, engasgou com o leite.... ah, não dá pra enumerar a
quantidade de medos que passaram e ainda passam diariamente na minha cabeça.
Ictericia, eritema toxico, carocinho no rosto, cocô verde... onde era que
estavam essas leituras nos tantos blogs e livros que busquei durante a
gestação? E as amigas com bebe que visitei não me falaram nada a respeito....
tudo isso me soava como: Patrícia, ninguém tem esses medos e nóias não... só tu
mesmo, bicha besta! Daí pronto, vesti a carapuça da mãe ultra insegura e que
passa toda essa insegurança pro bebê. Gente, eu pirei, com certeza.
Cólicas, o leite que parecia acabar e mais uma vez o
desespero de sentir que nada mesma estava ao meu alcance, ao meu controle. Marina
chorava e eu chorava junto, por vê-la chorar e por me sentir culpada em não
saber fazê-la parar de chorar. Felizmente a natureza, o tempo e os pais e bebês
se encarregam de encontrar um caminho para lidar com as etapas que surgem.
Hoje Marina está com mais de 4 meses. Meus dias tem sido
cuidar exclusivamente dela, do jeito que acho certo, do jeito que li, que me
disseram, que eu consigo. A salada de pensamentos continua sobre o que é certo.
Educação com apego, peito à livre demanda com uma certa rotina? Rotina rígida,
técnicas para fazê-la dormir no berço? Não existe fórmula, minha gente, essa é
das poucas certezas que tenho, uma outra delas é que eu sei amar muito a minha filha
e espero que isso seja pelo menos meio caminho pra chegar onde queremos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário